14/01/2011

Trabalho de "Temas de História Cultural da Música"

Psicanálise e Musicanálise:
apontamentos de relação pela escuta do não-sentido

Trabalho completo em PDF


Trabalho final da disciplina “Temas de História Cultural da Música”.
Orientação: Professor João Pedro d'Alvarenga.

Introdução
Este trabalho tem como objectivo uma pequena abordagem da psicanálise e da musicanálise (análise musical), sobre alguns dos aspectos próprios de cada uma, sobre suas semelhanças e sobre um ponto de encontro entre as duas, no qual elas podem se relacionar e auxiliar mutuamente.

Como um primeiro passo, perguntamos o que é a psicanálise e o que é a “musicanálise”. Logo em seguida, vou expor factores que nos levam a pensar a música como uma linguagem, associar a psicanálise e a musicanálise com o uso da língua como meios de expressão e como sistema significante comum, traçar um esboço sobre a relação entre psicanálise e musicanálise, seus pontos de contacto, com que bases podemos dizer que o inconsciente e a música se estruturam como linguagem e finalmente fazer alguns apontamentos sobre a razão da musicanálise e da psicanálise.

Para isso usei como base a dissertação de mestrado feita por Luis Francisco Espíndola Camargo, intitulada “A Escuta do não-sentido: na Linguística na Música e na Psicanálise.”, feita na Universidade Federal de Santa Catarina (Florianópolis/SC-Brasil) em 2004.
Também utilizei o artigo que trata de análise musical do “The Grove Dictionary of Music and Musicians”, o livro “Arte, Dor: Inquietudes entre Estética e Psicanálise” do psicanalista João A. Frayze-Pereira, o livro “Você quer o que deseja?” do psicanalista Jorge Forbes e os artigos sobre Lacan, Psicanálise e musical analisys da Wikipédia.

02/01/2011

Voz e live-electronics

Experimentação com a cantora Juliana Penna, buscando misturar canções da MPB com live-electronics e ritmos da música eletrônica.
Que fique claro, são esboços, só o registro da ideia.

1- A Nossa Casa


2- Contato Imediato



1- Compositor: Arnaldo Antunes / Celeste Moreau Antunes / Alice Ruiz / Paulo Tatit / João Bandeira / Edith Derdik / Sueli Galdino (http://www.cifraclub.com.br/arnaldo-antunes/a-nossa-casa/)
2- Compositor: Arnaldo Antunes / Marisa Monte / Carlinhos Brown (a tribo)

01/01/2011

Mrài

Para que digo? Para ninguém. Para nada. Ninguém ouve. Ninguém sabe. Uma vida secreta. Uma vida oculta. Uma vida que não há, que não existe. Uma vida fantasma atormentada por fantasmas.

Se uma vida que não existe é uma vida fantasma, os tormentos fantasmas são tormentos que não existem, tormentos irreais, tormentos criados, bem criados, bem nutridos, bem crescidos os tormentos, que atormentam a vida fantasma e não a deixam encarnar. Tormentos tornados reais, tornados que levam os estais. Podiam navegar a vida à vida. Uma Fénix queimada por um fogo interno, uma ardência, uma vida que quer sair mas está fechada em si, fantasma, moribunda, zombie.
Zumbindo, zombando da vida, o fantasma reina, zomba da sorte, feito abelha zumbi na orelha, à cabeça da vida, coisas, regras, normas, remorsos, travas, trancas, tranches, trecos.
É quando o fantasma dorme que a vida deve acordar. Mas será que fantasma dorme?

Casa, uma esfera segura onde o fantasma devia repousar ou onde ele devia ficar de fora. Casa, a casa única, não múltipla. Casa, não o caso, não um caso, não o acaso. Casa, casta, casto, cacto, casca. Casa, causa, aquela que se não diz, aquela coisa que custa, o custo para estar protegido. Mas protegido de que? Do fantasma? O mesmo fantasma que adormece lá dentro mas que deveria estar fora? É possível matar um fantasma? Mas ele já não é um morto...

Preso a um trem, o trem fantasma. O trem anda no trilho, um traçado determinado, que efectiva e afectivamente leva a algum lugar. Não à uma casa, talvez à um caso, não casto. Carro ou caro?
O trem fantasma flutua, paira, sai da linha, descarrila. Não leva, não comunga, não comuna, não leva ao lugar comum nem ao lugar esperado.

Mas o fantasma não existe, portanto um trem livre, troço-treco que anda ao bel-prazer, ao léu, para onde quer ir com o intuito e instinto de assustar, para cumprir seu objectivo, para emocionar, para emocionar-se, para transmitir emoção. Sem noção, para trans-meter, transformar, deformar, o que chega, que pega, que solta, que vibra, que pulsa...

Já não arde, o fogo deve estar no trem, andando. O outro ardor anda por aí. Não sei dele. De carro, ainda caro, ou trem em rumo oposto? Mal disposto ou bem disposto? Não sei. Mas disponível, por mais que isso doa. Foi um ardor, este outro ardor, que queimou, que de tão quente fundiu e também derreteu, desfez. Refez também, ou pelo menos mudou, marcou, para que Fénix, agora, volte a voar.

Mas Fénix destruiu. Como sempre, a fala de Fénix sangra e faz sangrar. Fénix fere. Fere com ferro, que quente, e o mesmo ferro será ferido, até a carne feder a queimado e a dor. Ou não, Fénix é o fogo, ardor, ardência que pulsa e que escorre. O fogo que recria renasce, ressurge de cinzas, do céu cinza...

Se o fogo pega, Fénix, a chama é enorme e se alastra, contagia, não casta. Mas se for à água, por não compartilhar ou por compartir, não há união possível. Ou o fogo apaga-se ou a água evapora-se. Juntos ou associados, não só os seus poros, podem fazer o bom cozer, o que nutre, o que enche, o que completa, o que conforta, o que desenvolve, o que procria, o que recria. Se misturados, aniquilam-se, destroem-se, fundem-se, confundem-se e morrem.
Viram fantasmas, que sorte nefasta...

Fogo e água, mutáveis e extáticos, que criam, transformam, nutrem e fazem florescer. Aqueça e sacie. Nutram e confortem.
Vá, Fénix. Tu não tens ninho. Teu calor e aconchego são próprios.
Senhora do mar, Mrài, da fertilidade e da vida, no teu reino, Nobre senhora, que é ao pé do mar, reine!